Liberdade & Limites - Na balança da Parentalidade

DA LIBERDADE
Parentalidade rima com liberdade. E está tudo certo, pois aquilo que mais ouvimos dos pais é “Quero que o meu filho seja livre e feliz!

Então, qual é a receita mágica? Não há! Por isso, é muito normal que, enquanto pais, nos sintamos perdidos quando bombardeados por uma avalanche de informação vinda das redes sociais “virtuais”, das redes sociais “da vida real” ou pela opinião da vizinha cujo filho se porta “milimetricamente” bem.

Ora, é neste labirinto educativo que nos perdemos, muitas vezes, devido a uma emoção básica que (des)aproxima pais e filhos: o medo! Por um lado, um medo que os pais têm de não proporcionar aos filhos tudo e mais qualquer coisa para que sejam excelentes, “milimetricamente” perfeitos, competentes e felizes. Por sua vez, os filhos têm um medo disfarçado (através de “1001 máscaras”) de não cumprirem as expetativas que lhes caíram em cima e de”não serem suficientes”.

O medo parental, não raras vezes, bloqueia os canais da liberdade emocional com incongruências que nos contaminam as ações. Ora vejamos: por um lado, dou liberdade de experiências ao meu filho para ir à dança, ao inglês, ao parque num domingo de sol. Mas, este medo que se apodera de nós, faz-nos soltar um “Não subas ao muro que te magoas“. Se, por azar (ou sorte, vá-se lá saber), a “profecia” se concretiza num joelho esmurrado, sai-nos outro: “Não chores, não é caso para tanto” (sentimos aqui um aprisionar de emoções: “não chores porque EU, pai/mãe, não consigo lidar com isso”). E se o meu filho teve falta de material na escola?! Será que não me sinto culpado porque não lhe pus o livro na mochila?! Será que não vou enviar email ao professor justificando que EU me esqueci?! Como fica aqui a liberdade de errar para a criança? Como tem liberdade para procurar alternativas para colmatar o seu erro? Como aprende novas formas de resolver problemas?

Não estaremos, de certa forma, a falar de uma espécie de “liberdade condicionada”?

 

DOS LIMITES

Porque é muito importante sermos muito claros neste tópico: liberdade sem limites não é liberdade, é caos.

É com limites bem definidos que se constrói previsibilidade e, por conseguinte, a confiança das crianças. Elas precisam de estrutura para se sentirem seguras. Precisam de “nãos” serenos e consistentes. Os limites não significam repressão ou inibição de desenvolvimento. São, por outro lado, uma forma de amor e um meio de economizar energias familiares e canalizá-las para vivências de tempo de qualidade, evitando tempo em conflitos. Não precisamos de limites que “esvoaçam” ao sabor das emoções parentais. Se o dia de trabalho corre bem aos pais, todos os pedidos da criança têm um “sim” como resposta. Já no dia seguinte, se os pais estão mais cansados,  o mesmo pedido dá direito a um irritado: “Não, Nem pensar!

Até poderia parecer que aspiramos a “pais-máquina”, que nunca falham e têm incorporado em si um guião com respostas certeiras e fofinhas. Mas não! Tal não seria saudável. Ser pai/mãe é encontrar esse equilíbrio frágil dia após dia. E está tudo bem se errarmos. O importante é estar e ser presente, de forma autêntica, com amor e intencionalidade. Por isso, mesmo que o mundo à nossa volta  nos dispare flashes de perfeição e receitas mágicas, aceitemos a fragilidade da condição de pai e mãe: não sermos perfeitos, mas sermos reais.  E isso, para uma criança, vale tanto!

Fica o convite: celebrar a liberdade, desencadeando pequenas revoluções internas em cada um de nós.

Um obrigada a todos os pais e mães que nos acompanham nas pequenas e grandes revoluções da parentalidade.